segunda-feira, 19 de maio de 2008

Doações para as vítimas do sismo da China ascendem os 900 milhões de euros

Pequim, 18 Mai (Lusa) - As doações para as vítimas do sismo de segunda-feira na província chinesa de Sichuan, que causou até agora quase 29.000 mortos, já ascendem a 1.400 milhões de dólares (cerca de 900 milhões de euros).
As ajudas do exterior excedem 860 milhões de dólares (552 milhões de euros), informou hoje a cadeia de televisão CCTV, enquanto que as doações internas, segundo o Governo, elevam-se a 500 milhões de dólares (321 milhões de euros).
O presidente chinês, Hu Jintao, em nome do Comité Central do Partido Comunista da China (PCCh), do Conselho de Estado e da Comissão Militar Central, agradeceu sábado à noite aos governos estrangeiros e amigos internacionais a sua contribuição para os trabalhos de resgate.
Duas centenas de equipas de socorros do Japão, Rússia, Coreia do Sul e Singapura, os únicos países aceites apesar da disponibilidade de muitos outros, trabalham desde sábado ao lado dos militares chineses nas zonas mais devastadas pelo sismo, numa área de 100 mil quilómetros quadrados.
A televisão nacional tem mostrado imagens das ajudas recebidas, incluindo as de um avião espanhol com sete toneladas de medicamentos que chegou sábado a Chengdu, capital de Sichuan.
A televisão chinesa também anunciou que a Cruz Vermelha dos Estados Unidos vai entregar dez milhões de dólares à China (6.4 milhões de euros), para além do meio milhão de dólares (321 mil euros) já doados por Washington.
A Coreia do Norte anunciou hoje a doação ao governo chinês de 100 mil dólares (64 mil euros), o mesmo que foi entregue pelo Camboja.
A Alemanha anunciou 1.8 milhões de dólares (1.1 milhões euros) para compra de material de primeira necessidade através Cruz Vermelha Alemã, do Comité da Cruz Vermelha Internacional (CICR) e da Cruz Vermelha Chinesa.
O último balanço oficial de vítimas, publicado sábado à tarde e não definitivo, referia o registo de pelo menos 28.881 mortos e 198.347 feridos confirmados na globalidade da região atingida.
Mais de dez mil pessoas permanecem sob escombros e as autoridades chinesas temem que o balanço final venha a exceder 50.000 mortos.

Onda de solidariedade internacional


O sismo que segunda-feira causou mais de doze mil mortos no sudoeste da China suscitou uma onda de solidariedade no mundo, com vários países a proporem rapidamente a sua ajuda a Pequim.

As Nações Unidas mantêm-se à disposição de Pequim para lhe fazer chegar toda a ajuda necessária para enfrentar as consequências do sismo de magnitude 7,9, indicou ontem uma porta-voz em Genebra. "Os serviços de socorro chineses estão a fazer tudo o que é possível para prestar ajuda aos sinistrados e a ONU está pronta a dar toda a assistência possível à China se a China o pedir", declarou à imprensa a porta-voz do Gabinete de Coordenação das Questões Humanitárias das Nações Unidas (OCHA), Elisabeth Byrs.As equipas de especialistas em avaliação e coordenação em caso de catástrofe foram colocadas em alerta desde segunda-feira, precisou, adiantando que a ONU tem também à disposição das autoridades chinesas especialistas de emergência em caso de catástrofe ecológica, na sequência do desmoronamento de duas fábricas químicas em Sichuan.Até mesmo Taiwan propôs ao seu rival chinês enviar equipas de socorro e uma ajuda de urgência, enquanto organizações humanitárias e religiosas pediam doações e mobilizavam os seus voluntários.

O Partido Nacionalista, que deve em breve tomar posse em Taiwan, enviou um telegrama para seu antigo arqui-rival, os comunistas chineses, que venceram a guerra civil na China em 1949 e obrigaram os nacionalistas derrotados a exilarem-se.

Autoridades de Taiwan e grupos de ajuda do país também se dispuseram a enviar equipas de busca e resgate para a China, já calejadas devido a um desastre semelhante ocorrido naquele país em 1999. O governo chinês, no entanto, recusou a oferta.

Apesar da tensão recente acerca do Tibete, o chefe espiritual dos tibetanos, o Dalai Lama, expressou as suas condolências à China pela "grande tragédia" e saudou a "resposta rápida" das autoridades. "Estou profundamente pesaroso com a perda de vidas e do grande número de feridos devido ao sismo catastrófico que abalou a província chinesa de Sichuan", revelou numa nota oficial o Dalai Lama.

"Desejo estender o meu profundo pesar e sentidas condolências às família que foram directamente afectadas pelo sismo de segunda-feira", adianta o texto. Segundo um responsável do governo tibetano no exílio, o Dalai Lama deverá também enviar uma carta de condolências ao presidente chinês, Hu Jintao.

Quem também se declarou igualmente pronto a ajudar de todas as maneiras possíveis foram os Estados Unidos, cujo presidente, George W. Bush, apresentou as suas condolências às famílias das vítimas.

"Gostaria de enviar os meus pêsames aos feridos e às famílias das vítimas do terramoto na província de Sichuan, na China", afirmou o presidente norte-americano, George W. Bush, num comunicado. "Fiquei particularmente triste com o número de estudantes e crianças atingidos pela tragédia. Os pensamentos e as orações do povo norte-americano voltam-se para o povo chinês, e em especial para os atingidos directamente pela tragédia” acrescentou.

O presidente sul-coreano, Lee Myung-bak, enviou um telegrama de pêsames ao presidente chinês, Hu Jintao, e ordenou ao seu gabinete de governo que encontre formas de ajudar, revelou a agência Yonhap, da Coreia do Sul.O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-il, cujo país isolado internacionalmente possui um programa nuclear que é alvo de negociações multilaterais realizadas em território chinês, enviou os seus pêsames.

O presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, aliado de Pequim, assegurou "ao grande povo chinês" o seu "pleno apoio e solidariedade".Em Bruxelas, a Comissão Europeia propôs também "dar assistência em caso de necessidade"

.A Cruz Vermelha chinesa lançou ontem um apelo, indicando, segundo a agência Nova China, precisar de tendas, cobertores, alimentos, água potável e medicamentos. A China "precisa muito de sangue", informou, por seu turno, o Ministério da Saúde chinês.O governo de Hong Kong anunciou ontem o envio de 300 milhões de dólares de Hong Kong a Pequim para ajudar no socorro às vítimas do sismo e Macau doará 100 milhões de renmenbi ao centro de coordenação chinês, de acordo com o chefe do executivo Edmund Ho.

A presidente filipina, Gloria Arroyo, ordenou o envio de uma equipa médica composta por médicos, enfermeiros e psiquiatras, respondendo "à generosidade" da China cada vez que as Filipinas foram afectadas por catástrofes naturais, de acordo com o porta-voz da presidência Anthony Golez.

O novo presidente russo, Dmitri Medvedev, ofereceu a ajuda do seu país, o presidente francês, Nicolas Sarkozy garantiu o "apoio da França" e o seu "apoio pessoal", em carta enviada ao homólogo Hu Jintao, enquanto a chanceler alemã, Angela Merkel, apresentou as suas condolências e propôs ajuda.

Também o Canadá e a Austrália ofereceram ajuda se Pequim o desejar e Madrid deu conta da sua "profunda tristeza pelos milhares de mortos e afectados"

.No Médio Oriente, o rei da Jordânia, Abdallah II, disponibilizou-se para enviar "unidades médicas para todos os locais afectados pelo sismo", segundo o gabinete real.

"Muito tristes" declararam-se os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e do Quénia, Mwai Kibaki.O sismo, que ocorreu perto de Chengdu, capital da província de Sichuan, não terá causado vítimas estrangeiras, de acordo com o governo chinês. "Não recebemos qualquer informação até agora sobre vítimas estrangeiras", afirmou ontem o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Qin Gang, durante um encontro com a imprensa. Segundo a Nova China, no entanto, vários estrangeiros ainda não foram localizados.