segunda-feira, 19 de maio de 2008

Onda de solidariedade internacional


O sismo que segunda-feira causou mais de doze mil mortos no sudoeste da China suscitou uma onda de solidariedade no mundo, com vários países a proporem rapidamente a sua ajuda a Pequim.

As Nações Unidas mantêm-se à disposição de Pequim para lhe fazer chegar toda a ajuda necessária para enfrentar as consequências do sismo de magnitude 7,9, indicou ontem uma porta-voz em Genebra. "Os serviços de socorro chineses estão a fazer tudo o que é possível para prestar ajuda aos sinistrados e a ONU está pronta a dar toda a assistência possível à China se a China o pedir", declarou à imprensa a porta-voz do Gabinete de Coordenação das Questões Humanitárias das Nações Unidas (OCHA), Elisabeth Byrs.As equipas de especialistas em avaliação e coordenação em caso de catástrofe foram colocadas em alerta desde segunda-feira, precisou, adiantando que a ONU tem também à disposição das autoridades chinesas especialistas de emergência em caso de catástrofe ecológica, na sequência do desmoronamento de duas fábricas químicas em Sichuan.Até mesmo Taiwan propôs ao seu rival chinês enviar equipas de socorro e uma ajuda de urgência, enquanto organizações humanitárias e religiosas pediam doações e mobilizavam os seus voluntários.

O Partido Nacionalista, que deve em breve tomar posse em Taiwan, enviou um telegrama para seu antigo arqui-rival, os comunistas chineses, que venceram a guerra civil na China em 1949 e obrigaram os nacionalistas derrotados a exilarem-se.

Autoridades de Taiwan e grupos de ajuda do país também se dispuseram a enviar equipas de busca e resgate para a China, já calejadas devido a um desastre semelhante ocorrido naquele país em 1999. O governo chinês, no entanto, recusou a oferta.

Apesar da tensão recente acerca do Tibete, o chefe espiritual dos tibetanos, o Dalai Lama, expressou as suas condolências à China pela "grande tragédia" e saudou a "resposta rápida" das autoridades. "Estou profundamente pesaroso com a perda de vidas e do grande número de feridos devido ao sismo catastrófico que abalou a província chinesa de Sichuan", revelou numa nota oficial o Dalai Lama.

"Desejo estender o meu profundo pesar e sentidas condolências às família que foram directamente afectadas pelo sismo de segunda-feira", adianta o texto. Segundo um responsável do governo tibetano no exílio, o Dalai Lama deverá também enviar uma carta de condolências ao presidente chinês, Hu Jintao.

Quem também se declarou igualmente pronto a ajudar de todas as maneiras possíveis foram os Estados Unidos, cujo presidente, George W. Bush, apresentou as suas condolências às famílias das vítimas.

"Gostaria de enviar os meus pêsames aos feridos e às famílias das vítimas do terramoto na província de Sichuan, na China", afirmou o presidente norte-americano, George W. Bush, num comunicado. "Fiquei particularmente triste com o número de estudantes e crianças atingidos pela tragédia. Os pensamentos e as orações do povo norte-americano voltam-se para o povo chinês, e em especial para os atingidos directamente pela tragédia” acrescentou.

O presidente sul-coreano, Lee Myung-bak, enviou um telegrama de pêsames ao presidente chinês, Hu Jintao, e ordenou ao seu gabinete de governo que encontre formas de ajudar, revelou a agência Yonhap, da Coreia do Sul.O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-il, cujo país isolado internacionalmente possui um programa nuclear que é alvo de negociações multilaterais realizadas em território chinês, enviou os seus pêsames.

O presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, aliado de Pequim, assegurou "ao grande povo chinês" o seu "pleno apoio e solidariedade".Em Bruxelas, a Comissão Europeia propôs também "dar assistência em caso de necessidade"

.A Cruz Vermelha chinesa lançou ontem um apelo, indicando, segundo a agência Nova China, precisar de tendas, cobertores, alimentos, água potável e medicamentos. A China "precisa muito de sangue", informou, por seu turno, o Ministério da Saúde chinês.O governo de Hong Kong anunciou ontem o envio de 300 milhões de dólares de Hong Kong a Pequim para ajudar no socorro às vítimas do sismo e Macau doará 100 milhões de renmenbi ao centro de coordenação chinês, de acordo com o chefe do executivo Edmund Ho.

A presidente filipina, Gloria Arroyo, ordenou o envio de uma equipa médica composta por médicos, enfermeiros e psiquiatras, respondendo "à generosidade" da China cada vez que as Filipinas foram afectadas por catástrofes naturais, de acordo com o porta-voz da presidência Anthony Golez.

O novo presidente russo, Dmitri Medvedev, ofereceu a ajuda do seu país, o presidente francês, Nicolas Sarkozy garantiu o "apoio da França" e o seu "apoio pessoal", em carta enviada ao homólogo Hu Jintao, enquanto a chanceler alemã, Angela Merkel, apresentou as suas condolências e propôs ajuda.

Também o Canadá e a Austrália ofereceram ajuda se Pequim o desejar e Madrid deu conta da sua "profunda tristeza pelos milhares de mortos e afectados"

.No Médio Oriente, o rei da Jordânia, Abdallah II, disponibilizou-se para enviar "unidades médicas para todos os locais afectados pelo sismo", segundo o gabinete real.

"Muito tristes" declararam-se os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e do Quénia, Mwai Kibaki.O sismo, que ocorreu perto de Chengdu, capital da província de Sichuan, não terá causado vítimas estrangeiras, de acordo com o governo chinês. "Não recebemos qualquer informação até agora sobre vítimas estrangeiras", afirmou ontem o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Qin Gang, durante um encontro com a imprensa. Segundo a Nova China, no entanto, vários estrangeiros ainda não foram localizados.

Sem comentários: